segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Nota pública do MST

NOTA PÚBLICA SOBRE O

ASSASSINATO DE ELTON BRUM PELA BRIGADA MILITAR

DO RIO GRANDE DO SUL

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público, manifestar novamente seu pesar pela perda do companheiro Elton Brum, manifestar sua solidariedade à família e para:

  1. Denunciar mais uma ação truculenta e violenta da Brigada Militar do Rio Grande do Sul que resultou no assassinato do agricultor Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel. As informações sobre o despejo apontam que Brum foi assassinado quando a situação já encontrava-se controlada e sem resistência. Há indícios de que tenha sido assassinado pelas costas.

  1. Denunciar que além da morte do trabalhador sem terra, a ação resultou ainda em dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças, com ferimentos de estilhaços, espadas e mordidas de cães.

  1. Denunciamos a Governadora Yeda Crusius, hierarquicamente comandante da Brigada Militar, responsável por uma política de criminalização dos movimentos sociais e de violência contra os trabalhadores urbanos e rurais. O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste Estado. A criminalização não é uma exceção, mas regra e necessidade de um governo, impopular e a serviço de interesses obscuros, para manter-se no poder pela força.

  1. Denunciamos o Coronel Lauro Binsfield, Comandante da Brigada Militar, cujo histórico inclui outras ações de descontrole, truculência e violência contra os trabalhadores, como no 8 de março de 2008, quando repetiu os mesmos métodos contra as mulheres da Via Campesina.

  1. Denunciamos o Poder Judiciário que impediu a desapropriação e a emissão de posse da Fazenda Antoniasi, onde Elton Brum seria assentado. Sua vida teria sido poupada se o Poder Judiciário estivesse a serviço da Constituição Federal e não de interesses oligárquicos locais.

  1. Denunciamos o Ministério Público Estadual de São Gabriel que se omitiu quando as famílias assentadas exigiam a liberação de recursos já disponíveis para a construção da escola de 350 famílias, que agora perderão o ano letivo, e para a saúde, que já custou a vida de três crianças. O mesmo MPE se omitiu no momento da ação, diante da violência a qual foi testemunha no local. E agora vem público elogiar ação da Brigada Militar como profissional.

  1. Relembrar à sociedade brasileira que os movimentos sociais do campo tem denunciado há mais de um ano a política de criminalização do Governo Yeda Crusius à Comissão de Direitos Humanos do Senado, à Secretaria Especial de Direitos Humanos, à Ouvidoria Agrária e à Organização dos Estados Americanos. A omissão das autoridades e o desrespeito da Governadora à qualquer instituição e a democracia resultaram hoje em uma vítima fatal.

  1. Reafirmar que seguiremos exigindo o assentamento de todas as famílias acampadas no Rio Grande do Sul e as condições de infra-estrutura para a implantação dos assentamentos de São Gabriel.

Exigimos Justiça e Punição aos Culpados!

Por nossos mortos, nem um minuto de silêncio. Toda uma vida de luta!

Reforma Agrária, por justiça social e soberania popular!

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

sábado, 22 de agosto de 2009

Covardia...

do blog Correando


As fotos são do corpo do trabalhador sem-terra Elton Brum da Silva, morto na manhã desta sexta-feira durante despejo da Brigada Militar na Fazenda Southall, em São Gabriel (RS). As imagens mostram nitidamente que o agricultor foi alvejado pelas costas. Não é preciso dizer mais nada...E protestar!


Se foi mesmo um "confronto" ou "conflito", como a grande imprensa está chamando, porque os brigadianosna a cavalo estão, na foto abaixo, com a proteção do capacete levantada?


Reparem nesta foto o brigadiano com uma espingarda calibre 12. Isso é confronto ou luta onde um lado só tinha as armas?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

FHC and the CIA


FHC, FUNDAÇÃO FORD E OS DÓLARES DA CIA

por ALTAMIRO BORGES


O controvertido jornalista Sebastião Nery, em recente artigo no jornal Tribuna da Imprensa, faz uma grave denúncia. Com base em dois livros – um mais antigo, “Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Leoni (Editora Nova Fronteira, 1997), e outro mais recente, “Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura”, da autora inglesa Frances Saunders (Editora Record, 2008) –, ele insinua que o ex-presidente FHC, atualmente um dos mentores da oposição de direita ao governo Lula, foi financiado pela temida CIA, o serviço de espionagem dos EUA, que ajudou a desestabilizar vários governos progressistas no mundo todo.



A primeira obra registra, na página 154, um episódio aparentemente inocente. “Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da fundação no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap [Centro Brasileiro de Análise e Desenvolvimento]”. Como registra Nery, o fato ocorreu dois meses após a ditadura, “financiada, comandada e sustentada pelos EUA”, baixar o AI-5. “Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas... E Fernando Henrique recebia da poderosa Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap”.



Os EUA e a conquista da intelectualidade



“O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares”, garante Nery. “Montado no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique se tornou ‘personalidade internacional’e passou a dar ‘aulas’ e fazer ‘conferências’ em universidades norte-americanas e européias. Era ‘um homem da Fundação Ford’. E o que era a Fundação Ford? Um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA”. Prova disto, afirma Nery, surge agora com o livro de Saunders. “Quem pagou os US$ 145 mil (e os outros) entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA”. Para reforçar a sua teoria conspirativa, Nery cita várias passagens do livro:



- “Fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos... Permitiam que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas” (página 153).



- “O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais convincente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para a sua origem” (152).



- “A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria” (443).



- “A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares.” (147).



- “Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa, mas também noutras regiões: Japão, Índia, Chile, Argentina... e Brasil” (119).



- “A ajuda financeira devia ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana” (45).



Agente da CIA ou mero entreguista?



A acusação de Sebastião Nery, que nunca escondeu seu rancor diante da “traição” de FHC – que na última hora rejeitou virar ministro do seu aliado Collor de Mello –, é fundamentada. Os livros registram fatos e confirmam antigas suspeitas sobre os vínculos da Fundação Ford com o serviço de espionagem dos EUA. Mesmo assim, é difícil acreditar que FHC, que teve importante papel na luta pela redemocratização do país, tenha agido conscientemente a serviço da CIA. Até hoje, inclusive, a mesma Fundação Ford financia algumas entidades de marca progressista, que agora deverão ficar mais vigilantes diante de qualquer “intromissão” desta instituição de triste história.



Apesar de descartar a tese conspirativa, não custa registrar que hoje FHC é um entusiasta da ação imperialista dos EUA na América Latina. Nos seus oito anos de reinado, a política externa nativa regrediu para a vexatória posição do “alinhamento automático”. Com sua ação servil, avançaram as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), o projeto dos EUA de anexação colonial do região, e o Mercosul foi congelado. Ele também ratificou o acordo para implantação da base militar ianque em Alcântara (MA) e ressuscitou um tratado do período da “guerra fria”, o draconiano TIAR, que poderia levar o Brasil a participar da invasão imperialista do Iraque. Após os atentados de 11 de setembro, FHC autorizou a instalação de um escritório da CIA no Brasil.



Após ser desalojado do poder, o ex-presidente passou a prestar consultoria aos governos ianques. Junto com Carla Hill, ex-representante comercial dos EUA, ele coordenou um grupo sediado em Washington que alertou o presidente-terrorista George Bush para “os riscos da esquerdização da América Latina”, segundo artigo do Financial Times de fevereiro de 2005. Agente da CIA, como acusa Nery, FHC parece não ser. Mas que presta hoje muitos serviços aos EUA, não há dúvidas. Mesmo suas ações conspirativas e golpistas contra o governo Lula lembram as velhas práticas do “serviço de inteligência” do imperialismo estadunidense.


Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Jornalismo lambe-botas

Boot Licker por Michael Saffle.

Marcelo Salles, Fazendo Media

“Tem gente que acha que é conto da carochinha. Ou que a gente exagera. Pois na noite desta quarta-feira, dia 5 de agosto de 2009, a TV Globo e William Waack mostraram que não. Poucas vezes vi uma matéria tão subserviente ao imperialismo. Poucas vezes um jornalista se curvou tanto. Se é que se pode usar o termo; jornalista, pra mim, é outra coisa. Na verdade, faltou pouco pro WW pedir um autógrafo ao general estadunidense. É realmente lamentável a cena. O apresentador (este sim, um termo mais apropriado) que enche a boca para esculhambar trabalhadores e favelados brasileiros, se derrete todinho para o assessor de Obama. Olheiras, talvez de quem não tenha dormido pensando na entrevista, perguntinhas vagabundas e, no final, um sorriso emocionado, agradecendo a oportunidade pelo momento. E tudo falado em inglês, claro, a língua do dominador.

A matéria propriamente dita (leia/assista aqui) faz parecer um grandissíssimo negócio permitir que os EUA explorem o pré-sal brasileiro, avaliado na ordem de trilhões de dólares. Em troca, receberíamos ajuda militar. Que grande bênção! Waack, por exemplo, descreve os marines como “a tropa mais aguerrida dos EUA”. Que o digam os civis iraquianos mutilados de hoje, ou os vietnamitas de ontem…

O WW ainda arruma espaço para atacar Hugo Chávez, fingindo esquecer que não foi um país chamado Venezuela quem apoiou uma ditadura sangrenta que sequestrou, torturou e matou milhares de brasileiros.

Só mesmo num país controlado por uma ditadura midiática matérias como essa vão ao ar impunemente. Um verdadeiro atentado à memória das vítimas dos anos de chumbo. Uma agressão à inteligência do telespectador. Um desserviço à sociedade.”

texto completo: Fazendo Média

domingo, 2 de agosto de 2009

Yes we can! Chavez no!


EUA revogaram 141 concessões de TV e rádio; ninguém reclamou Ernesto Carmona
04/05/2007



li no twitter do Arles

A Administração Federal de Comunicações (FCC na sigla em inglês), um órgão do governo dos Estados Unidos, fechou 141 concessionárias de rádio e TV entre 1934 e 1987. Em 40 desses casos, a FCC nem esperou que acabasse o prazo da concessão. Os dados foram levantados por Ernesto Carmona, presidente do Colégio de Jornalistas do Chile, no artigo intitulado Salvador Allende se revolve em sua tumba: senadores socialistas comparam Chávez a Pinochet.

Carmona polemiza valentemente com o moderado partido da presidente Michelle Bachelet. Mas o principal valor do artigo está no levantamento sobre concessões não renovadas, em diferentes países. Graças a ele, fica evidenciado a que ponto a mídia dominante, no Brasil e alhures, é capaz de usar uma política de dois pesos e duas medidas, ao cobrir a não renovação da concessão da RCTV venezuelana.

matéria completa no Grito dos Excluídos