Chega a ser patético o esforço da grande imprensa brasileira em descredenciar qualquer atitude de Lula, e mesmo as que se referem positivamente a ele, caso da revista Time, que o elegeu o maior líder do mundo. Seu sucesso no acordo com o Irã despertou alergias na mídia conservadora e de direita, que não poupou críticas à sua atuação.
A mídia brasileira não se libertou do complexo de vira-latas. Prefere chanceleres sabujos, que tiram os sapatos para entrar nos Estados Unidos, a uma política externa soberana e independente. Isso se revela claramente no editorial de hoje do jornal O Globo, intitulado “Anatomia do fracasso da política externa”, um primor de reacionarismo e subserviência. Como não consegui encontrá-lo na versão online do jornal, fiquei na dúvida se aproveitava sua reprodução no blog “direita bem informada” ou no site do PPS, mas optei pelo primeiro por assumir abertamente sua identidade
Tenho a impressão de que nem o mais ardoroso dos falcões norte-americanos conseguiria escrever algo tão próximo dos princípios pouco diplomáticos que defendem. Parte O Globo da premissa de que Lula foi açodado pelo desejo de postergar sanções contra o Irã e ajudar o país a ter armas nucleares. De onde se chegou a tal conclusão? A missão brasileira não foi isolada. Brasil e Turquia agiram conjuntamente na solução de um problema que ameaçava a humanidade. Tiveram a coragem de não deixar a resolução com as grandes potências e revelaram o protagonismo dos países emergentes, capazes de negociar, com sucesso, complexas questões mundiais. Não foram poucas as vozes, inclusive na imprensa (estrangeira, naturalmente), que se levantaram para louvar a ação brasileira e turca, que consagra um mundo multipolar.
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